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Eu que não quero ficar sentado no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar...

O Mundo das coisas#2

quarta-feira, 9 de maio de 2012


 
  A dias eu tento colocar no papel o que tenho visto ultimamente e que de fato já esta por ai a muito tempo. Minha rotina diária é basicamente a mesma a 2 anos, nada muito diferente, o que me choca não é a minha rotina, pois com ela eu sei lidar muito bem, o Ivan Zolin definiu muito bem “ a questão não é se abster deste mundo, ou tentar viver longe deste sistema, mas encarar a realidade e não deixar que o sistema domine você”, a questão que quero colocar é a nitidez de muitas pessoas só reproduzirem, ou então viverem para a manutenção desta hidra de nove mil cabeças.


 É só andar pelas ruas de Santa Maria para se constatar isso, as pessoas correm, se estressam e enraivecem. Tudo tem que ser rápido, as caixas de emails estão cheias, são exigidas respostas rápidas e prontas, a geração coca cola se transformou na geração Fast Food super, hiper, mega rápido, as pessoas Bufam, tremem, ficam nervosas, a fila tem que andar rápido se não alguém vai sair ferido, o que importa em uma viagem ou então em qualquer movimentação corpórea de curta, media ou longa distancia é o fim e não o meio, tendo em vista que todo o caminho que fazemos pode conter sujeitos ou paisagens que podem modificar nossa vida, ninguém mais se importa com paisagens ou em apreciar uma super lua, ou as nuvens, ninguém mais aproveita a natureza, ela as vezes parece um atrapalho, é preciso fumar um cigarro atrás do outro para tentar enganar o nervosismo, o que importa é a nota de uma prova e não o genuíno aprender, importa comprar o IPHONE 2000 hoje, amanha compramos o 2001 se não ficamos atrasados no tempo, a tecnologia de hoje em 24Hs será ultrapassada e você vai ficar para trás? Os relacionamentos são virtuais e a distancia, ninguém mais visita, manda cartas ou tem fotos impressas, inclusive eu, disse colocar no papel, mas o papel em que escrevo é virtual, compreendo as inovações, concordo com elas, o problema não simplesmente nisso, o problema é a objetificação das pessoas, vivemos em um sistema que quase tem vida própria, nós criamos o dinheiro, mas ao invés de dominarmos ele, ele é quem domina, vivemos para ele, em vez de controlarmos as nossas vidas, vivemos para conseguir sobreviver nesta linha de impulsos, catástrofes e buscas imediatas pelo aqui e agora, para  mantermos o Status de seres viventes, Sapiens, Sapiens.

 Este processo de Objetificação trocou fins pelos meios, trocou o dominador pelo dominado, agora somos um objeto que pode ajudar na manutenção de uma espécie de Sauron. A maior das religiões dominou a todos, inclusive as outras e demais religiões, O capitalismo virou a crença até dos que se dizem cristãos, o deus deles se transformou no dinheiro, no capital, no ter, no possuir, no dominar, no egoísmo. Ouvi outro dia alguém falar que a palavra humano virou adjetivo, concordo plenamente, quantas vezes nós vemos alguém ajudando, ou fazendo alguma boa ação e falamos “ que lindo ele é tão humano”, Droga, isso não era para ser adjetivo, isso era para ser a gente, seres humanos, mas estamos sem isso em nós porque viramos reprodutores de um processo que não vai nos levar a lugar algum, que vai simplesmente manter e fazer a manutenção para que ele próprio exista, para que poucos detenham o poder, para que poucos possuam e muitos não tenham nem comida dentro de casa, ridículo uma mãe de família ter que trabalhar 29 horas por dia ganhar meio dia de folga na semana para receber um salário de 600 reais, em um país onde deputados, senadores, vereadores, pastores e mafiosos recebem 30 vezes mais, ridículo ver muitos estudantes universitários babando professores para poder entrar em projetos, ridículo ver estudantes de instituições privadas e de cursos extremamente caros dizerem que não existe diferença de classes, ou substituir pelo termo liberal de que eles não lutaram para estar aqui, eles não estudaram, eles não batalharam, quando na verdade as oportunidades não surgiram, quando os senhores feudais ditaram quem entraria ou não, mais ridículo ainda é saber que muitos dos que criticam, muitos dos que tem boa vontade, digo isso em todos os setores da sociedade, viverem ainda alienados, com medo presos em sua comodidade de apenas ter uma vida “normal” uma família, um salário fim do mês, aposentadoria e morrer sentado em uma cadeira de balanço, quando milhões morrem sem mesmo ter conhecido um salário, uma lasanha de camarão e uma boa água gelada limpa.

 Não, Não estou dizendo que deveríamos ficar longe destas coisas, estou dizendo que podemos viver diferente, podemos viver com sentido, podemos viver de modo que um sistema não dite nossa vida e nem faça diferenças, mas que podemos dominar nossas vidas para termos um sentido, para o próximo, para o outro, para o distante, para o perto, que tenhamos a teoria, mas que tenhamos as atitudes, assim como tantos outros viveram com propósitos, para que serve o teu conhecimento? Ou para quem serve o teu conhecimento?