A dias eu tento colocar no papel o que tenho visto
ultimamente e que de fato já esta por ai a muito tempo. Minha rotina diária é
basicamente a mesma a 2 anos, nada muito diferente, o que me choca não é a
minha rotina, pois com ela eu sei lidar muito bem, o Ivan Zolin definiu muito
bem “ a questão não é se abster deste mundo, ou tentar viver longe deste
sistema, mas encarar a realidade e não deixar que o sistema domine você”, a
questão que quero colocar é a nitidez de muitas pessoas só reproduzirem, ou então
viverem para a manutenção desta hidra de nove mil cabeças.
É só andar pelas ruas
de Santa Maria para se constatar isso, as pessoas correm, se estressam e
enraivecem. Tudo tem que ser rápido, as caixas de emails estão cheias, são
exigidas respostas rápidas e prontas, a geração coca cola se transformou na
geração Fast Food super, hiper, mega rápido, as pessoas Bufam, tremem, ficam
nervosas, a fila tem que andar rápido se não alguém vai sair ferido, o que
importa em uma viagem ou então em qualquer movimentação corpórea de curta,
media ou longa distancia é o fim e não o meio, tendo em vista que todo o
caminho que fazemos pode conter sujeitos ou paisagens que podem modificar nossa
vida, ninguém mais se importa com paisagens ou em apreciar uma super lua, ou as
nuvens, ninguém mais aproveita a natureza, ela as vezes parece um atrapalho, é
preciso fumar um cigarro atrás do outro para tentar enganar o nervosismo, o que
importa é a nota de uma prova e não o genuíno aprender, importa comprar o
IPHONE 2000 hoje, amanha compramos o 2001 se não ficamos atrasados no tempo, a
tecnologia de hoje em 24Hs será ultrapassada e você vai ficar para trás? Os relacionamentos
são virtuais e a distancia, ninguém mais visita, manda cartas ou tem fotos
impressas, inclusive eu, disse colocar no papel, mas o papel em que escrevo é
virtual, compreendo as inovações, concordo com elas, o problema não simplesmente
nisso, o problema é a objetificação das pessoas, vivemos em um sistema que
quase tem vida própria, nós criamos o dinheiro, mas ao invés de dominarmos ele,
ele é quem domina, vivemos para ele, em vez de controlarmos as nossas vidas,
vivemos para conseguir sobreviver nesta linha de impulsos, catástrofes e buscas
imediatas pelo aqui e agora, para mantermos o Status de seres viventes, Sapiens,
Sapiens.
Este processo de
Objetificação trocou fins pelos meios, trocou o dominador pelo dominado, agora
somos um objeto que pode ajudar na manutenção de uma espécie de Sauron. A maior
das religiões dominou a todos, inclusive as outras e demais religiões, O
capitalismo virou a crença até dos que se dizem cristãos, o deus deles se
transformou no dinheiro, no capital, no ter, no possuir, no dominar, no egoísmo.
Ouvi outro dia alguém falar que a palavra humano virou adjetivo, concordo
plenamente, quantas vezes nós vemos alguém ajudando, ou fazendo alguma boa ação
e falamos “ que lindo ele é tão humano”, Droga, isso não era para ser adjetivo,
isso era para ser a gente, seres humanos, mas estamos sem isso em nós porque
viramos reprodutores de um processo que não vai nos levar a lugar algum, que
vai simplesmente manter e fazer a manutenção para que ele próprio exista, para
que poucos detenham o poder, para que poucos possuam e muitos não tenham nem
comida dentro de casa, ridículo uma mãe de família ter que trabalhar 29 horas
por dia ganhar meio dia de folga na semana para receber um salário de 600
reais, em um país onde deputados, senadores, vereadores, pastores e mafiosos
recebem 30 vezes mais, ridículo ver muitos estudantes universitários babando
professores para poder entrar em projetos, ridículo ver estudantes de instituições
privadas e de cursos extremamente caros dizerem que não existe diferença de
classes, ou substituir pelo termo liberal de que eles não lutaram para estar
aqui, eles não estudaram, eles não batalharam, quando na verdade as
oportunidades não surgiram, quando os senhores feudais ditaram quem entraria ou
não, mais ridículo ainda é saber que muitos dos que criticam, muitos dos que
tem boa vontade, digo isso em todos os setores da sociedade, viverem ainda
alienados, com medo presos em sua comodidade de apenas ter uma vida “normal”
uma família, um salário fim do mês, aposentadoria e morrer sentado em uma
cadeira de balanço, quando milhões morrem sem mesmo ter conhecido um salário,
uma lasanha de camarão e uma boa água gelada limpa.
Não, Não estou
dizendo que deveríamos ficar longe destas coisas, estou dizendo que podemos
viver diferente, podemos viver com sentido, podemos viver de modo que um
sistema não dite nossa vida e nem faça diferenças, mas que podemos dominar
nossas vidas para termos um sentido, para o próximo, para o outro, para o
distante, para o perto, que tenhamos a teoria, mas que tenhamos as atitudes, assim
como tantos outros viveram com propósitos, para que serve o teu conhecimento? Ou
para quem serve o teu conhecimento?
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