JE$U$ E DEU$

 Por Gilson Gondim

 Detesto esta dupla…! Pô meu, que heresia! Se for heresia, Deus que me perdoe! Detesto sim o Jesus e o Deus com cifrão que estão tão em moda nos dias atuais. Este Jesus pasteurizado, comercial, mercantilizado, explorado de todas as formas, vendido a retalho no varejo, como um boi no açougue!




  Já não basta a crucificação, sacrifício supremo sofrido por Ele para estabelecer a “PAZ”, o bem da humanidade? Se isto ainda não aconteceu, a culpa foi única e exclusivamente do maldito homem, “imagem e semelhança do próprio Deus”! Teria Deus falhado nessa empreitada?



  Voltemos a Jesus. Se seu sacrifício foi válido, não precisaríamos mais nos sacrificar. Se o fizéssemos, estaríamos diminuindo o valor do que foi feito pelo Cristo, porque neste caso a nossa participação seria um tipo de complemento, demonstrando assim que nosso Jesus não teria feito 100%.



  Porque as “igrejas cristãs” exigem tantos “sacrifícios” da nossa parte e sempre sacrifícios financeiros? Quanto Jesus leva nisso? Será que ele precisa? Dizem que é para provar a nossa fé. Mas sempre com dinheiro?



  Hoje as grandes cadeias de estabelecimentos comerciais da fé funcionam como verdadeiros “cassinos gospel”, onde vale aposta de toda espécie, para justificar a “teologia da riqueza”. Cassinos sim, pois trabalham como nos jogos de azar, onde você aposta, desafiando Deus!



  Se perder sua aposta, de quem é a culpa? Sua, evidentemente! Não teve fé. Não tem nada escrito, não pode ir ao Procon! Dançou você e dançou Deus! E o dinheiro da aposta? Fica naturalmente com o dono do “cassino”.



    Que liberdade é esta com o Arquiteto do Universo? Cadê o respeito?



  O que faria Jesus se aqui estivesse, se cada templo hoje é um verdadeiro bazar? Lembram o que Ele fez por muito menos com relação aos vendilhões do templo de Jerusalém? Hoje eu não queria nem estar por perto!



  Certa vez, em São Paulo, enquanto estava esperando por uma pessoa na estação rodoviária do Glicério, no Brás, resolvi entrar em uma “igreja” que ficava nas proximidades. Era um grande galpão industrial desativado, devidamente adaptado, com as paredes fartamente decoradas com muletas, cadeiras de roda, óculos, etc…



   Ao entrar, passei por um bazar repleto de ofertas de todo preço. Então, finalmente fui abordado por um “obreiro vendedor interno” que se ofereceu para me vender “uma graça”! Tinha graça de todo tipo e valor, conforme a disponibilidade divina e o grau de importância para o comprador! Apresentou-me ele um cartão do tipo usado pelos vendedores de prestação que vendem de porta em porta.



  Funcionava da seguinte maneira: Uma graça era escolhida, como, por exemplo, um emprego. Daí era verificado o valor tabelado, digamos R$ 500,00, que era marcado no topo da ficha. Então o futuro agraciado iria pagando pouco a pouco até fechar o valor total. Concluído o pagamento, em dia determinado eram reunidos todos os cartões quitados, em seguida postos sobre uma mesa no palco, onde então o pastor faria uma oração “ordenando a Deus” que atendesse todos os pedidos. Daí era só esperar a bênção. Perguntei se era garantido e o vendedor me falou que iria depender unicamente da minha fé. Dá pra tu ou fica apertado? Parece brincadeira, mas é verdade. Isto é uma das centenas de formas de aplicação do que convencionei chamar de ESTELIONATO ESPIRITUAL! Tá na cara pra todo mundo ver, e a Polícia Federal não pode fazer nada, está tudo dentro da lei. Depois querem prender aqueles caras que ficam no centro da cidade com três tampinhas e uma bolinha pegando os bobos e desavisados. A bolinha está lá “em nenhuma delas”. O cara te deu a oportunidade; se você não encontrou, a culpa foi sua que não teve a atenção necessária!



Sacanagem… É uma concorrência muito desleal que estão fazendo com Zé Arigó, Dr Fritz e principalmente MÃE DELAMARE…!!!



É lamentável, mas é isto que estão fazendo com JESUS e DEUS! (sem cifrão ).



Vamos fazer alguma coisa para reverter isto!




Autor : Gilson Gondim  
    sociólogo pela Universidade de Londres e mestre em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba. autor de seis livros publicados e de dois espetáculos teatrais montados.


Consultor legislativo da Assembléia


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